sábado, 30 de maio de 2020

Crítica de Ingersoll sobre o Novo Testamento

Alguns crentes reclamam que os ateus só falam do Velho Testamento ao criticar a bíblia.
Eis aqui um texto de Ingersoll sobre o Novo Testamento.

"VII - O NOVO TESTAMENTO

Quem escreveu o Novo Testamento?

Estudiosos cristãos admitem que não sabem. Eles admitem que se os quatro evangelhos fossem escritos por Mateus, Marcos, Lucas e João eles teriam sido escritos em hebraico. E no entanto, nenhum manuscrito desses evangelhos em hebraico foi jamais encontrado. Todos os manuscritos mais antigos são em grego. Então, teólogos educados admitem que as Epístolas, Jaime e Juda foram escritos por pessoas que nunca haviam visto um dos quatro Evangelhos. Nessas Epístolas -- em Jaime e Juda -- nenhuma referência é feita a nenhum Evangelho, e a nenhum dos milagres descritos neles.

A primeira menção que foi feita de um dos nossos Evangelhos foi feita cento e oito anos depois do nascimento de Cristo, e os quatro Evangelhos foram pela primeira vez citados e nomeados no início do terceiro século, mais ou menos cento e setenta anos após a morte de Cristo.

Hoje sabemos que havia muitos outros Evangelhos além dos quatro conhecidos, alguns dos quais, perdidos. Havia o Evangelho de Paulo, dos egípcios, dos hebreus, da perfeição, de Judas, de Tadeu, da infância, de Tomás, de Maria, de André, de Nicodemus, de Marcion e vários outros.

Então, havia os Atos de Pilatos, de André, de Maria, de Paulo, de Tecla, e de muitos outros; e um livro chamado Pastor de Hermas.

A princípio, nem todos desses livros eram considerados inspirados. O Velho Testamento era tido como divino; Mas os livros conhecidos hoje como o Novo Testamento eram considerados como produção humana. Sabemos hoje que se desconhecem os autores dos quatro Evangelhos.

A questão é, eram os autores desses três Evangelhos inspirados?

Se eram inspirados, os quatro Evangelhos deveriam ser verdadeiros, Se forem verdadeiros, deveriam concordar entre si.

Os quatro Evangelhos não concordam.

Mateus, Marcos e Lucas não sabiam nada sobre expiação, nada sobre salvação pela fé. Eles conheciam apenas os Evangelhos das boas ações -- da caridade. Ensinavam que se perdoássemos os outros, seríamos perdoados por Deus.

Com isto o Evangelho de João não concorda.

Neste Evangelho ensina-se que devemos acreditar no Nosso Senhor Jesus Cristo; que devemos nascer de novo; que devemos beber o sangue e comer a carne de Cristo. Neste Evangelho encontramos a doutrina da expiação, na qual Cristo morreu por nós e sofreu em nosso lugar.

Este Evangelho desvia-se muito dos outros três. Se os outros são verdadeiros, o de João será falso. Se o Evangelho de João foi escrito por um homem inspirado, os escritores dos demais eram não inspirados. Disto não há como escapar. Os quatro não podem ser verdadeiros.

É evidente que há várias inserções -- interpolações -- nos Evangelhos.

Por exemplo, no 28º capítulo de Mateus é dito o efeito que os soldados da tumba de Cristo foram subornados para dizer que os discípulos de Jesus roubaram seu corpo enquanto eles, os soldados, dormiam.

Isto é claramente uma interpolação. É uma quebra na narrativa.

O 10º versículo poderia ser seguido pelo 16º. O 10º versículo diz: "Então Jesus disse a eles, 'Não tenhais medo; ide até meus companheiros para que vão até Galiléia e lá eles me verão".

O 16º verso diz: "Então os onze discípulos foram até a galiléia numa montanha que Jesus havia citado."

A história sobre os soldados contida nos versículos 11º, 12º, 13º, 14º, 15º, são interpolações -- uma continuação -- também. O 15º versículo demostra isto.

Decimo quinto versículo: "Então eles pegaram o dinheiro e fizeram o que foram ensinados. E estes ensinamentos são conservados entre os judeus até nossos dias."

Certamente esta citação não tem nada do Evangelho original, e certamente o 15º versículo não foi escrito pelos judeus. Nenhum judeu teria escrito isto: "E este ensinamento é conservado entre os judeus até os nossos dias."

Marcos, João e Lucas nunca ouviram que os soldados haviam sido subornados pelos padres; ou, se tiveram, não acharam que valesse a pena mencionar. Então, a citação da ascensão de Jesus em Marcos e Lucas foram interpolações. Mateus não falou nada sobre a ascensão.

Certamente não poderia haver milagre maior, e enquanto Marcos, que estava presente -- que viu o Senhor subir, ascender e desaparecer -- não achou que valesse a pela citar.

Por outro lado, as últimas palavras de Cristo, segundo Mateus, contradizem a ascensão: "Senhor, estarei convosco para sempre, até o fim dos tempos".

Para João, que estava presente, se Cristo realmente ascendeu, não disse coisa alguma sobre o assunto.

Então, sobre a ascensão, os Evangelhos não concordam.

Marcos mostra a última conversa que Cristo teve com os discípulos, que seria a seguinte:

"Ide para o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. Aquele que crer e for batizado, será salvo; mas aquele que não crer será condenado. E estes sinais deverão seguir aqueles que crêem: em meu nome deverão expulsar demônios; eles deverão falar línguas novas. Poderão pegar em serpentes, e se eles beberem qualquer líquido venenoso, não lhes farão mal; eles deverão colocar as mãos sobre os doentes e eles sararão. Então, depois que o Senhor falou para eles, ele subiu aos céus e sentou à direita de Deus."

É possível que esta descrição tenha sido escrita por alguém que testemunhou este milagre?

Este milagre é descrito por Lucas assim:

E eis que ele os abençoou, afastou-se e subiu ao céu."

"Brevidade é a alma do saber."

Nos Atos é-nos ensinado que: "Quando ele tinha falado, quando eles viram, ele tinha partido, e uma nuvem o levou para longe de suas vistas."

Nem Lucas, nem Mateus, nem João, nem os escritores dos Atos ouviram uma palavra da conversa atribuída a Cristo por Marcos. O fato é que a ascensão de Cristo não foi aplaudida pelos discípulos.

Em princípio, Cristo era um homem -- nada mais. Maria era sua mãe, José, seu pai. A genealogia do seu pai, José, é dada para mostrar que ele era do sangue de Davi.

Então, a alegação era que ele era o filho de Deus, e que sua mãe era uma virgem, e que ela permaneceu virgem até sua morte.

Então, a afirmação foi feita de que Cristo ressurgiu dos mortos e ascendeu corporalmente aos céus.

Passaram-se muitos anos para que estes absurdos se apossassem da mente dos homens.

Se Cristo ressurgiu dos mortos, por que eles não apareceu a seus inimigos? Por que ele não chamou Caifás, o sumo sacerdote? Por que não fez outra entrada triunfal a Jerusalém?

Se ele ressuscitou realmente, por que não fez isto em público, na presença de seus perseguidores? Por que este, o maior dos milagres, tinha de ser feito em segredo, num canto?

Este era um milagre que poderia ser visto por grande multidão -- um milagre que não poderia ter sido simulado -- um que poderia ter convencido centenas de milhares.

Depois da história da ressurreição, a ascensão se tornou uma necessidade. Eles tinham que se livrar do cadáver.

Então, há muitas outras interpolações nos Evangelhos e nas Epístolas.

Novamente eu pergunto: seria o Novo Testamento verdadeiro? Alguém hoje crê que o nascimento de Cristo foi uma saudação celestial; que uma estrela guiou os reis magos do leste; Que Herodes ordenou o assassinato dos bebês de Belém abaixo de dois anos?

Os Evangelhos são recheados de citações de milagres. Teriam eles realmente ocorrido?

Mateus cita vinte e dois milagres; Marcos, quinze; Lucas, dezoito; e João, sete.

De acordo com os Evangelhos, Cristo curava doenças, expulsava demônios, repartiu as águas do mar, curou cegos, alimentou multidões com cinco pães e dois peixes, andou sobre as águas, amaldiçoou uma figueira, transformou água em vinho, e ressuscitou mortos.

Mateus é o único que fala sobre a estrela e os reis magos -- o único que conta sobre a matança dos bebês.

João é o único que não diz nada sobre a ressurreição de Lázaro, e Lucas é o único que cita a ressurreição da viúva do filho de Naim.

Como é possível comprovar esses milagres?

Os judeus, os povos entre os quais dizem que aconteceram, não acreditam neles. Os doentes, os paralíticos, os leprosos, os cegos que foram curados não se tornara seguidores de Cristo. Aqueles que ressuscitaram dos mortos nunca foram vistos novamente.

Acreditará um homem inteligente na existência de demônios? As pessoas que escreveram três dos Evangelhos, certamente acreditavam. João não disse nada sobre Cristo expulsando demônios, mas Mateus, Marcos e Lucas deram muitos exemplos.

Será que algum homem hoje crê que Cristo expulsava demônios? Se seus discípulos disseram que ele expulsou, estavam enganados. Se Cristo afirmou que expulsou, então ele foi um louco ou um impostor.

Se as citações das expulsões de demônios são falsas, então os que narraram eram ignorantes ou desonestos. Se eles escreveram por ignorância, então não eram inspirados. Se eles sabiam que estavam citando algo de falso, se eles sabiam ou não, eles não eram inspirados.

Naquela época acreditava-se que paralisia, epilepsia, surdez, loucura e muitas outras doenças eram causadas por demônios; que demônios tomavam posse e viviam dentro do corpo de homens e mulheres. Cristo acreditava nisto, ensinou isto a outras pessoas, e fingiu que curava doenças expulsando demônios dos doentes e insanos. Nós sabemos, se é que sabemos algo, que doenças não são causadas pela presença de demônios. Nós sabemos, se é que sabemos algo, que demônios não residem no corpo das pessoas.

Se Cristo disse e fez o que os escritores dos Evangelhos dizem que ele disse e fez, então Cristo estava enganado. Se estava enganado, então certamente não era um deus. Se estava enganado, certamente não era inspirado.

Seria verdade que o diabo tentou subornar Cristo?

É verdade que o diabo levou Cristo para o topo do templo e tentou induzi-lo a pular no chão?

Como podem estes milagres ser estabelecidos?

Os chefes não escreveram nada, Cristo não escreveu nada, e o diabo permaneceu em silêncio.

Como podemos saber que o diabo tentou subornar Cristo? Quem escreveu o fato? Não sabemos. Como os escritores obtiveram a informação? Não sabemos.

Alguém, há uns setecentos anos, afirmou que o diabo tentara subornar Deus; que o diabo levou Deus para o alto do templo, que tentou induzir Deus a pular no chão, e que Deus era intelectualmente muito superior ao diabo.

Estas são todas as evidências que possuímos.

Há algo na literatura mundial mais perfeitamente idiota?

Pessoas inteligentes não acreditam mais em feiticeiras, magos, fantasmas e diabos, e eles estão perfeitamente satisfeitos com o fato de que cada palavra do Novo Testamento sobre expulsão de demônios é falsa.

Podemos crer que Cristo ressuscitou os mortos?

Uma viúva, moradora de Naim está seguindo seu filho em cortejo para a tumba. Cristo pára o funeral e levanta o morto e o devolve aos braços de sua mãe.

Este jovem desapareceu. Dele nunca mais se ouviu falar. Ninguém teve o menor interesse em saber sobre o homem que retornou do mundo dos mortos. Lucas é o único que conta a história. Talvez Mateus, Marcos e João nunca ouviram falar, ou não acreditaram, ou não lembraram do fato.

João disse que Lázaro ressuscitou dos mortos; Marcos e Lucas não dizem nada sobre isto. Foi algo de mais maravilhoso que a ressurreição do filho da viúva. Ele já havia sido colocado na tumba havia dias. O rapaz estava ainda no caminho para a cova, mas Lázaro já estava lá. Ele já começara a apodrecer.

Lázaro não despertou o mínimo interesse. Ninguém perguntou a ele sobre o outro mundo. Ninguém lhe pediu notícias sobre os amigos falecidos. Quando ele morreu pela Segunda vez, ninguém disse: "Ele não tem medo. Ele já percorreu esta estrada outra vez e já sabe para onde está indo."

Nós não acreditamos nos milagres de Maomé, e na verdade eles são alegados do mesmo modo. Não temos nenhuma confiança nos milagres atribuídos a Joseph Smith, e no entanto as evidências são até melhores.

Se um homem hoje aparecesse afirmando que ressuscita os mortos e finge que expulsa demônios, é tido como louco. E o que dizer, então de Cristo? Se quisermos salvar sua reputação, seríamos compelidos a afirmar que ele nunca tentou ressuscitar os mortos; que ele nunca afirmou que expulsava demônios.

Temos que levar em consideração que esses relatos ignorantes e absurdos foram inventados pelos seus seguidores com o objetivo de deificar seu mestre.

Naqueles tempos de ignorância, as falsidades adicionavam mais fama a Cristo. Mas hoje, elas põem em perigo o seu caráter e diminuem os autores dos Evangelhos.

Podemos crer hoje que a água se transformou em vinho? João conta este milagre bobo e afirma que os outros discípulos estavam presentes; entretanto, Mateus, Marcos e Lucas não falam nada sobre o fato.

Tome-se o caso do homem curado pelas águas da piscina de Betsedá. João diz que um anjo turvou a água da piscina de Betsedá, e que dissera que o primeiro de mergulhasse na água turva, seria curado.

Alguém pode crer que um anjo foi até a piscina e turvou a água? Alguém acredita que o primeiro pobre coitado a tocar na água curou? Entretanto, o autor do Evangelho acreditou e citou estes absurdos. Se ele estava enganado sobre este milagre, certamente estava também sobre todos os outros que contou.

João é o único que cita este milagre da piscina. Provavelmente os outros evangelistas não creram na história.

Como podemos julgar estes supostos milagres?

Nos dias dos discípulos, e por muitos séculos depois, o mundo era cheiro do sobrenatural. Quase tudo que acontecia era tido como sobrenatural. Deus era o governador do mundo. Se as pessoas eram boas, Deus mandava semente, e colheita; mas se eles eram maus ele mandava enchentes, granizo e fome. Se algo maravilhoso ocorria, era exagerado até se transformar num milagre.

Da ordem de eventos -- da inquebrável cadeia de causas e efeitos -- as pessoas não tinham qualquer conhecimento ou nenhum pensamento

Milagre é o distintivo e o fogo da fraude. Nenhum milagre jamais foi realizado. Nenhum homem honesto e inteligente jamais fingiu fazer milagres, nem fingirá.

Se Cristo tinha realizado os milagres atribuídos a ele; se ele tinha curado os paralíticos e loucos; se ele havia dado audição aos surdos; visão aos cegos; se ele limpou os leprosos com uma palavra, e com um toque deu vida e movimento a um membro paralisado; se ele deu pulso, movimento, calor e pensamento a argila fria e sem vida; se ele conquistou a morte e resgatou dela suas pálidas presas -- nenhuma palavra contra teria sido exclamada, nenhuma mão erguida, exceto em louvor e honra. Em sua presença todas as cabeças seriam descobertas -- todos os joelhos ao chão.

Nenhum homem disse: "Eu era cego e este homem me deu visão."

Tudo era silêncio.

VIII - A FILOSOFIA DE CRISTO

Milhões asseguram que a filosofia de Cristo é perfeita -- que ele foi o mais sábio que já pregou.

Vejamos:

Não resistas ao mal. Se atingido numa face, oferece a outra.

Há alguma sabedoria, alguma filosofia nisto? Cristo tira da bondade, da virtude, da verdade, o direito à autodefesa. Vício se torna dono do mundo, e o bom se torna vítima do infame.

Nenhum homem tem direito à autodefesa, defender sua propriedade, sua esposa e crianças. governar se torna impossível e o mundo está à mercê dos criminosos. Há algo mais absurdo que isto?

Ama teus inimigos.

É possível isto? Será que qualquer ser humano já amou seu inimigo? Será que Cristo amou os seus quando ele os denunciou como hipócritas e víboras?

Não podemos amar aqueles que nos odeiam. Ódio no coração dos outros não semeia amor nos nossos. Não resistir à maldade é absurdo; amar nossos inimigos é impossível.

Não te preocupes com o sofrimento.

A idéia é de que Deus tomaria conta de nós como ele tomava conta de pardais e lírios. Será que há um menor sentido nesta crença?

Será que Deus cuida de alguém?

Podemos viver sem nos preocupar com o sofrimento? Arar, semear, cultivar, colher, é se preocupar com o sofrimento. Nós planejamos e trabalhamos para o futuro de nossas crianças, para as gerações que estão por vir. Sem essas preocupações não haveria nenhum progresso, nenhuma civilização. O mundo retornaria às cavernas e às masmorras da selvageria.

Se teu olho direito te ofende, tira-o fora. Se tua mão direita te ofende, corta-a fora.

Por que? Por que é melhor que uma parte do corpo pereça a permitir que o corpo inteiro seja mandado para o inferno.

Existe alguma sabedoria em aconselhar a retirar um olho ou amputar sua mão? É possível extrair desses ensinamentos esdrúxulos o menor grão de bom senso?

Não jurais; nem pelos céus, porque este é o trono de Deus; nem pela terra, porque esta é o seu apoio; nem por Jerusalém, porque esta é a sua cidade sagrada.

Aqui achamos a astronomia e a geologia de Cristo. O céu é o trono de Deus, o monarca; a terra é o seu apoio. um apoio que gira na velocidade de milhares de milhas por hora, e viaja pelo espaço a uma velocidade de mais de mil milhas por minuto!

Onde os Cristãos pensavam que o céu ficava? Por que seria Jerusalém uma cidade santa? Seria pelo fato de que seus habitantes eram ignorantes, rudes e supersticiosos?

Se algum homem te atingir com a lei e tomar tua roupa, dá-lhe teu manto também.

Há qualquer ensinamento, qualquer filosofia, qualquer bom senso nesta ordem? Não seria tão sensível quanto dizer: "Se um homem obtém um processo contra ti de cem dólares, dá a ele duzentos."?

Só um louco seguiria este conselho.

Não penses que vim trazer a paz para a terra. Não vim para trazer a paz, mas uma espada. Porque eu vim para colocar um homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe.

Se isto é verdade, como o mundo seria melhor se ele ficasse fora.

É possível que aquele que disse "Não resistas a ofensas", veio trazendo uma espada? aquele que disse "Ama teus inimigos" veio para destruir a paz no mundo?

Colocar pai contra filho, e filha contra mãe -- que gloriosa missão!

Ele trouxe uma espada e ela foi molhada por milhares de anos com sangue de inocentes. Em milhares de corações ele semeou a semente do ódio e vingança. Ele dividiu nações e famílias, apagou a luz da razão, petrificou os corações dos homens.

E cada um que tenha abandonado sua casa, seus amigos, suas irmãs, ou pai, ou mãe, ou esposa, ou filhos, ou países, em meu nome, receberá cem vezes, e herdará a vida eterna.

De acordo com os escritos de Mateus, Cristo, o compadecido, o piedoso, exclamou estas terríveis palavras. Seria possível que Cristo tivesse subornado com a vida eterna de alegrias aqueles que abandonassem seus pais, mães, esposas e filhos? Estaríamos nós para receber a felicidade eterna desertando aqueles que nos amam? Deveríamos arruinar um lar aqui para construir uma mansão lá?

E no entanto, é dito que Cristo é um exemplo para o mundo. Teria ele desertado seu pai e mãe? Ele disse, referindo-se à sua mãe: "Mulher, o que tenho a ver contigo?"

Os fariseus disseram a Cristo: "É legal pagar tributo a César?"

Cristo disse: "Mostra-me a moeda do tributo. Eles trouxeram para ele uma moeda. E eles disseram: É de César. E Cristo disse: Dá a César o que é de César".

Será que Cristo pensou que a moeda era de César apenas porque possuía sua imagem estampada sobre ela? Pertenceria a moeda a César ou ao homem que a ganhara? Teria César o direito de requisitá-la só porque nela estava estampada a sua imagem?

Não nos parece que por esta conversa que Cristo não entendia a real utilização e natureza do dinheiro?

Podemos ainda afirmar que Cristo tenha sido o maior dos filósofos?

IX - É CRISTO UM EXEMPLO PARA NÓS?

Ele nunca exclamou uma palavra pela educação. Ele nem sequer insinuou nada sobre ciência. Ele nunca defendeu a indústria, economia e fez qualquer esforço para melhorar nossas condições neste mundo. Ele era inimigo do bem sucedido e do rico. Dives foi mandado para o inferno, não porque fosse mau, mas porque era rico. Lázaro foi para o céu, não porque fosse bom, mas porque era pobre.

Cristo nunca se importou com escultura, pintura, música -- e nenhuma arte. Nunca disse nada sobre obrigações de nação a nação, nada sobre os direitos do homem; nada sobre liberdade intelectual ou liberdade de expressão. Não disse coisa alguma sobre a santidade do lar; nenhuma palavra sobre a lareira; nenhuma palavra em favor do casamento, em honra da maternidade.

Ele nunca casou. Vagava sem lar de lugar em lugar com uns poucos discípulos. Nenhum parecia engajado em qualquer trabalho que fosse útil e pareciam viver de esmolas.

Todas as ligações humanas eram vistas com desprezo; este mundo era sacrificado em favor de um próximo; todos os esforços humanos eram desencorajados. Deus ajudaria e protegeria.

Por fim, no crepúsculo da vida, Cristo, reconhecendo que se enganara, e chorou: "Meu Deus, meu Deus! Por que me abandonaste?"

Temos consciência de que o homem depende se si mesmo. Ele deve preparar a terra; ele deve construir sua casa; ele deve arar e plantar; ele deve inventar; ele deve trabalhar com as mãos e mente; ele deve suplantar as dificuldades e obstáculos; ele deve conquistar e escravizar as forças da natureza de modo que ela faça o trabalho para o mundo.

POR QUE DEVERÍAMOS COLOCAR CRISTO NO ALTO E ACIMA DA ESPÉCIE HUMANA?

Era ele mais gentil e piedoso, mais modesto que Buda? Era ele mais sábio, enfrentou a morte com mais calma que Sócrates? Foi ele mais paciente, mais caridoso que Epicuro? Foi ele um maior filósofo, mais profundo pensador que Epicuro? De que maneira foi ele superior a Zoroastro? Foi ele mais gentil que Lao-Tsé, mais universal que Confúcio? Foram suas idéias de direitos humanos e deveres superiores a Zeno? Expressou ele maiores verdades que Cícero? Era sua mente mais sutil que a de Espinoza? Era sua mente igual à de Kepler ou Newton? Foi ele mais grandioso na morte, e mais sublime que Bruno? Foi ele, em inteligência, em força e beleza de expressão em profundidade nos pensamentos, em riqueza de exemplos, em aptidão para a compaixão, em conhecimento da mente e coração do homem, de todas as paixões, esperanças e medos, igual a Shakespeare, o maior da espécie humana?

Se Cristo fosse de fato um Deus, ele saberia todo o futuro. Diante dele um panorama surgiria da história por vir. Eles saberia como suas palavras seriam interpretadas. Ele saberia quais crimes, quais horrores, quais infâmias seriam cometidas em seu nome. Ele saberia que as chamas famintas da perseguição subiriam pelos membros de inúmeros mártires. Ele saberia disto; milhares e milhares de bravos homens e mulheres iriam perecer nas masmorras escuras, cheias de dor. Ele saberia que sua igreja ia inventar e produzir os instrumentos de tortura; que seus seguidores iam usar o chicote e a lenha, as correntes e a tortura. Ele veria o horizonte do futuro lúgubre com as chamas dos autos da fé. Ele saberia que seus ensinamentos se espalhariam como fungos venenosos de cada texto. Ele veria as inúmeras ignorantes seitas brigando umas contra as outras. Veria milhares de homens, sob as ordens de padres, construindo prisões para seus semelhantes. Ele veria milhares de cadafalsos pingando o sangue dos mais nobres e bravos. Ele veria seus seguidores usando os instrumentos de dor. Ouviria seus gemidos, veria suas faces pálidas, na agonia. Ouviria todos os gritos, lamentos e choros de todos os que sofriam, multidões de mártires. Ele conheceria os comentários seriam escritos em seu nome, com espadas, para ser lidas com a luz da fogueira. Ele saberia que a inquisição seria instalada baseada em palavras atribuídas a ele.

Ele teria visto as interpolações -- os acréscimos -- as falsificações, que a hipocrisia relataria e escreveria. Ele veria todas as guerras que se desencadeariam, e saberia que em cima desses campos de morte, além dessas masmorras, além desses instrumentos de tortura, além dessas execuções, além dessas fogueiras, por mil anos tremularia a bandeira sangrenta da cruz.

Ele saberia que a hipocrisia vestiria batina e seria coroada -- que a crueldade e credulidade mandariam no mundo; saberia que a liberdade seria banida do mundo; saberia que papas e reis, em seu nome, escravizariam almas e corpos dos homens; saberia que eles perseguiriam e destruiriam os descobridores, os pensadores, os inventores; saberia que a igreja apagaria a santa luz da razão e deixaria o mundo sem uma estrela.

Veria seus discípulos cegando os olhos dos homens, esfolando-os vivos, amputando suas línguas, procurando por seus nervos mais doloridos.

Saberia que em seu nome seus seguidores comercializariam carne humana; que berços seriam vendidos e seios das mulheres ficariam sem seus bebês, em troca de ouro.

E no entanto, ele morreu com os lábios sem voz.

Por que ele não falou? Por que ele não disse a seus discípulos e ao mundo: "Não torturarás, não aprisionarás, não queimarás em meu nome. Não perseguirás teu semelhante."?

Por que ele não disse claramente: "Eu sou o filho de Deus." ou "Eu sou Deus"? Por que não explicou a Trindade? Por que não explicou a forma de batismo que mais o agradava? Por que ele não escreveu suas regras? Por que não quebrou os grilhões dos escravos? Por que nem mencionou se o Velho Testamento era ou não era um trabalho inspirado de Deus? Por que ele não escreveu por si só o Novo Testamento? Por que deixou suas palavras entregues à ignorância, hipocrisia e acaso? Por que não disse nada de positivo, definitivo ou satisfatório sobre o outro mundo? Por que ele não transformou a esperança lacrimejante no céu no conhecimento orgulhoso sobre outra vida? Por que ele não nos falou nada sobre os direitos humanos, direito à liberdade de mãos e mentes?

Por que ele foi para a morte de maneira dúbia, deixando o mundo à mercê da miséria e da dúvida?

Eu direi a você. Ele era apenas um homem, e não sabia.

XI - INSPIRAÇÃO

Não antes do terceiro século supunha-se ou acreditava-se que os livros compondo o Novo Testamento eram inspirados.

Devemos lembrar que havia grande número de livros, de Evangelhos, Epístolas, Atos e entre estes, os "inspirados" eram escolhidos por homens "não-inspirados".

Entre os "Pais do Cristianismo" havia grandes diferenças de opinião sobre quais seriam os livros inspirados; havia muitas discussões cheias de ódio. Muitos livros que hoje são considerados espúrios, eram tidos nos primórdios como divinos, e alguns dos hoje considerados inspirados eram considerados espúrios. Muitos dos antigos cristãos e alguns dos pais repudiaram o Evangelho de João, as Epístolasa os hebreus, Jade, James, Pedro e a Revelação de São João. Por outro lado, muitos deles tinham os Evangelhos dos hebreus, doe egípcios, os Ensinamentos de Pedro, os Pastores de Hermas, as Epístolas de Barnabé, o Pastor de Hermas, s Revelação de Paulo, as Epístolas de Clemente, o Evangelho de Clemente como livros inspirados, igualáveis aos
melhores.

De todos esses livros e de muitos outros, os cristãos escolheram quais os "inspirados".

Os homens que fizeram a seleção eram ignorantes e supersticiosos. Eram crentes convictos no miraculoso. Pensavam que doenças podiam ser curadas colocando-se sobre o paciente um lenço que supunham ter pertencido a um apóstolo, ou os ossos de um morto. Acreditavam na fábula de fênix, e que as hienas mudavam de sexo todos os anos.

Seriam os homens que fizeram a seleção há muitos séculos, inspirados? Seriam eles -- ignorantes, supersticiosos, estúpidos e maliciosos -- mais qualificados para julgar a "inspiração" que os estudantes do nosso tempo? Por que teríamos de seguir suas opiniões? Não poderíamos nós mesmos escolher?

Erasmo, um dos líderes da Reforma declarou que a Epístola aos hebreus não havia sido escrita por Paulo, e negava a inspiração do segundo e terceiro livros de João, e também da Revelação. Lutero tinha a mesma opinião. Declarou James ser uma Epístola de palha e negou a inspiração da Revelação. Zwinglius rejeitou o livro da Revelação e até Calvino negou que Paulo fosse o autor de Hebreus.

A verdade é que os protestantes não concordaram com quais os livros que eram inspirados até o ano de 1647, na Assembléia de Westminster.

Para provar que um livro é inspirado você precisa provar a existência de Deus. Deve provar também que este Deus pensa, age, objeta, tem fins e meios. Isto é um tanto difícil.

É impossível conceber um deus infinito. Não havendo conceito de um ser infinito, é impossível dizer se todos os fatos que sabemos tendem a provar ou não a existência de tal ser.

Deus é uma suposição. Se a existência de Deus é admitida, como poderemos provar que ele inspirou os escritores dos livros da Bíblia?

Como pode um homem estabelecer a inspiração de um outro? Como pode um homem estabelecer que ele próprio é inspirado? Não há como provar o fato da inspiração. A única evidência é a palavra de alguns homens que não poderiam de maneira alguma saber sobre a questão.

O que é inspiração? Usaria Deus o homem como instrumento? Usaria-o para escrever suas idéias? Tomaria ele posse das nossas idéias para destruir nosso arbítrio?

Eram esses escritores controlados parcialmente, de modo que seus erros, sua ignorância e seus preconceitos foram diminuídos pela sabedoria de Deus?

Como poderíamos separar os erros do homem da sabedoria de Deus? Poderíamos fazer isto sem sermos nós mesmos inspirados? Se os escritores originais eram inspirados, então os tradutores deveriam também sê-lo, e também as pessoas que nos dizem o significado da Bíblia.

Como pode um ser humano saber que ele é inspirado por um ser infinito? Mas de uma coisa podemos ter certeza: um livro inspirado deveria de todas as maneiras exceder todos os livros já escritos por homens não inspirados. Deveria estar acima de tudo, deveria conter a verdade, cheio de sabedoria, beleza.

Muitos sacerdotes me questionam como posso ser tão mau em atacar a Bíblia.

Vou dizer a você: Este livro, a Bíblia, tem perseguido até a morte, os mais inteligentes, os melhores. Este livro obstruiu e dificultou o progresso da espécie humana. Este livro envenenou as fontes do aprendizado e desviou as energias do homem.

Este livro é inimigo da liberdade, o suporte da escravidão. Este livro semeou as sementes do ódio dentro de famílias e nações, alimentou as chamas da guerra e empobreceu o mundo. Este livro é o livro de cabeceira de reis e tiranos -- o escravizador de mulheres e crianças. Este livro corrompeu parlamentos e cortes. Este livro fez de colégios e universidades os professores do erro e os inimigos da ciência. Este livro encheu a cristandade com seitas cruéis, cheias de ódio e guerreiras. Este livro ensinou homens a matar seus semelhantes por motivos religiosos. Este livro fundou a Inquisição, seus instrumentos de tortura, construiu as masmorras, nas quais os bons e justos pereceram, forjou as correntes que rasgavam suas carnes, erigiu os patíbulos onde eles eram assassinados. Este livro juntou pilhas de lenha nos pés dos homens justos. Este livro baniu a razão da mente de milhões e encheu os asilos com os insanos.

Este livro fez pais e mães derramar o sangue de seus bebês. Este livro foi a justificativa que se dava para separar a mãe escrava de seu bebê. Este livro encheu os navios mercantes e fez da carne humana mercadoria. Este livro acendeu as fogueiras que queimaram as "bruxas" e "feiticeiras". Este livro preencheu a escuridão com fantasmas e os corpos de homens e mulheres com demônios. Este livro poluiu a alma humana com o infame dogma do sofrimento eterno. Este livro fez da credulidade a maior das virtudes e a investigação o pior dos crimes. Este livro encheu as nações com eremitas, monges e freiras -- com piedosos e inúteis. Este livro colocou santos sujos e ignorantes acima e filósofos e filantropos. Este livro ensinou o homem a desprezar as alegrias da vida para que pudesse ser feliz numa outra -- desperdiçar este mundo em benefício de um próximo.

Eu ataco este livro porque ele é inimigo da liberdade -- a maior obstrução na frente do progresso da humanidade.

Deixe-me fazer uma pergunta aos sacerdotes: Como vocês podem ser tão maus em defender este livro?

XII - A BÍBLIA VERDADEIRA

Por milhares de anos vem o homem escrevendo a Bíblia verdadeira, que vem sendo escrita dia a dia, e que nunca acabará enquanto o homem tiver vida. Todos os fatos que sabemos, todos as fatos registrados, todas as descobertas e invenções, todas as máquinas maravilhosas com rodas e alavancas que parecem pensar, todos os poemas, cristais da mente, flores do coração, todas as canções de amor e alegria, de sorrisos e lágrimas, todos os dramas do mundo da imaginação, todas as maravilhosas pinturas, milagres de forma e cor, de luz e sombra, de maravilhosos mármores que parecem falar e respirar, os segredos revelados pelas pedras e estrelas, pela poeira e pelas flores, pela chuva e neve, pelo gelo e chama, pela corrente de vento e areia do deserto, pela altura da montanha e profundeza do mar.

Toda a sabedoria que prolonga e enobrece a vida, tudo o que evita ou cura doenças, ou conquista a dor -- todas as justas e perfeitas leis e regras, que guiam e dão forma às nossas vidas, todos os pensamentos que alimentam as chamas do amor, a música que transfigura, captura e encanta as vitórias de corações e mentes, os milagres que as mãos têm conquistado, aos mãos destras e ágeis daqueles que trabalham para mulheres e crianças , as histórias de feitos nobres, de homens bravos e úteis, de amorosas esposas de fé , de insaciáveis mães, de conflitos pelos direitos, do sofrimento na luta pela verdade, de tudo de melhor que os homens e mulheres do mundo já disseram, pensaram e fizeram ao longo de todos os anos.

Estes tesouros da mente e do coração -- estas são as Sagradas Escrituras da espécie humana."

Fonte: http://ateuindiferente.blogspot.com/2020/03/sobre-biblia-sagrada-robert-g.html

sexta-feira, 15 de maio de 2020

O cristianismo é uma forma de doutrinação política

Religiões são partidos políticos com fins lucrativos e seus seguidores agem como torcidas organizadas.
Basta vermos as mazelas e as políticas de seus líderes para sabermos que o melhor é nos afastarmos das religiões.

terça-feira, 12 de maio de 2020

Pesquise sobre o "Deus de Spinoza"

Uma dica:

Existem mais opções sobre Deus do que oferecem as religiões monoteístas que agem como partidos políticos com fins lucrativos.

Não é errado acreditar em Deus, errado é aceitar calado as mazelas produzidas pelas religiões, errado é virar escravo.

Aprenda mais, liberte-se, deixe de ser vítima.

Vídeos.

Parte 1:  https://www.youtube.com/watch?v=vxr15DL-8ek&t=454s

Parte 2:  https://www.youtube.com/watch?v=_cK7SDed6Pk

Parte 3:  https://www.youtube.com/watch?v=5PeOqfy6N8g

Ebook.

https://www.mediafire.com/folder/j5s094551s4w2/Espinosa

Crueldade...

Um Universo de tamanho incomensurável. Com incontáveis galáxias. Galáxias com bilhões e bilhões de estrelas. Muitas e muitas dessas estrelas...